São coisas destas que me levam à convicção de que a vida para que somos feitos não é, de modo nenhum, aquela que andámos a viver. Em rigor, o nosso destino poderia parecer trágico: por um lado, caminhamos inexoravelmente para a solidão, por outro, temos como futuro o esquecimento. Tenho muito a convicção de que somos seres em formação, pois o projecto humano não aponta para aqui. Penso é que ele nos vai sendo revelado por pequenas nostalgias de coisas ainda não vividas, que se exprimem por intuições avulsas e, apesar de tudo, pelo halo poético do mundo, que seria mais visível se acertássemos a maneira como olhamos para ele. Depois também há, felizmente, aqueles que já nasceram mais à frente no caminho do futuro.
António Alçada Baptista, "O Tecido do Outono"
Etiquetas: Eu nem sempre me rio
6 Comments:
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Eu, a saudosista por exclência, sempre tive saudades de coisas que não vivi. O grande Vergílio Ferreira fez-me ver que não estava sozinha no mundo. Há mais gente assim, como nós.
As palavras de alguns não têm dono, felizmente ficaram estas connosco.
Os nós e os laços
António Alçada Baptista
um bjinho